O Congresso Português de Hepatologia, organizado pela Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), recebeu Thierry Gustot, Chefe do Departamento de Transplantes e Diretor da Unidade de Transplante de Fígado, em Bruxelas, que trouxe à luz questões cruciais relacionadas com o tratamento de doentes com hepatite grave relacionada com o álcool.
Segundo Gustot, “os pacientes com hepatite grave relacionada com o álcool são frequentemente jovens e têm uma resposta insatisfatória ao corticosteroide em 40% dos casos. Em caso de não resposta, a probabilidade de morte nos seis meses seguintes é de 75%. Atualmente, não temos tratamento alternativo para esse grupo de pacientes”.
Enfatizou a importância da opção de transplante hepático para esses doentes, destacando que foram “detalhados os resultados do transplante hepático em doentes com hepatite grave relacionada com o álcool que não respondem aos corticosteroides em termos de sobrevivência pós-transplante e taxa de recaída do álcool, os preditores desta recaída e a estratégia para selecionar adequadamente os ‘bons’ candidatos”.
Além disso, o professor levantou questões sobre a equidade e justiça no programa de transplante de fígado, observando que “quase 15% dos candidatos a transplante de fígado morrem atualmente na lista de espera”. Propôs um debate sobre a priorização dos candidatos, especialmente para os pacientes com hepatite grave que não conseguem cumprir os seis meses de abstinência alcoólica.
O objetivo deste tópico, segundo Thierry Gustot, foi “fornecer evidências científicas sobre o local do transplante de fígado para pacientes com hepatite grave relacionada com o álcool que não respondem aos corticosteroides”, abrindo espaço para discussões profundas e baseadas em evidências sobre os melhores caminhos a seguir para esse grupo de pacientes vulneráveis.