A utilização de albumina na cirrose hepática descompensada é um dos tópicos que ainda divide as opiniões na intervenção hepatológica. Na sessão “Controvérsias: utilização de albumina na cirrose hepática descompensada” do Congresso Português de Hepatologia da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF), Paolo Caraceni foi o palestrante responsável por defender esta prática.
“A albumina humana é provavelmente a intervenção mais estudada em doentes com cirrose descompensada. Alguns estudos são positivos e outros negativos, mas todos estes estudos, se analisados objetivamente e sem preconceitos, são importantes para definir quando e como prescrever ou não prescrever albumina”, começou por salientar Paolo Caraceni.
Neste âmbito, o convidado destacou que é possível identificar duas perspetivas de tratamentos diferenciados: a administração aguda/terminal (até duas semanas) e a administração a longo prazo. No primeiro caso, a albumina é administrada para tratar ou prevenir complicações agudas, nos doentes selecionados consoante indicações sustentadas por evidências científicas.
Por sinal, referiu que no tratamento a longo prazo, os resultados do ensaio ANSWER indicam que a albumina atua como agente modificador da doença para pacientes com ascite não complicada, facilitando o tratamento desta condição e reduzindo a incidência de outras complicações e consequentes hospitalizações. O profissional de saúde destacou, ainda, que se encontra em desenvolvimento o ensaio PRECIOSA, que se expecta que venha a confirmar os benefícios da albumina neste período de administração.
Paolo Caraceni afirma que este tratamento conduz a uma melhoria na sobrevivência e qualidade de vida dos doentes, tornando-se cada vez mais uma opção promissora quando aplicada aos casos adequados. “Os pacientes relatam que se sentem melhor e estão motivados para ultrapassar possíveis problemas logísticos, uma vez que a sua percepção é receber um tratamento eficaz e útil”.
Em suma, ponderando na sua participação na 26.ª Reunião Anual da APEF, o orador que partilhou o palco com Alastair O’Brien mostrou-se satisfeito pela oportunidade de contactar com a comunidade científica portuguesa. “Ter a possibilidade de interagir com os colegas para trocar conhecimentos e experiências é uma das partes mais entusiasmantes do meu trabalho. Estou grato pelo convite da APEF e feliz por vir a Portugal. É uma oportunidade fantástica para conhecer novas pessoas e aprender com elas”.