O Congresso Português de Hepatologia – 26.ª Reunião Anual da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF) ocorre dos dias 13 a 15 de abril, na Figueira da Foz. Carolina Simões, palestrante da “Conferência I: Diagnóstico e tratamento da hepatite imunomediada”, presidida por Cristina Fonseca, revela mais sobre a sessão, onde teve a oportunidade de se debruçar sobre as inflamações do fígado despoletadas pelo sistema imunitário.
“Os inibidores dos checkpoints imunológicos (ICI) vieram revolucionar a terapêutica da doença oncológica avançada. No entanto, estão associados a efeitos adversos imunorelacionados, entre os quais a hepatite imunomediada. Nesta intervenção, expliquei os mecanismos que levam ao desenvolvimento da hepatite imunomediada, os fatores de risco, prevenção e estratégia terapêutica a aplicar nestes doentes”, começou por apontar Carolina Simões.
A convidada salientou a urgência de não só os gastroenterologistas, mas sim todos os médicos envolvidos no tratamento de doentes oncológicos sob ICI, saberem identificar os doentes em risco de desenvolver hepatite imunomediada e implementar protocolos de vigilância e terapêutica adequadas ao contexto clínico.
Ponderando no ambiente que caracteriza esta condição, a gastroenterologista considerou que o principal desafio assenta no diagnostico diferencial com outras toxicidades hepáticas ou com o envolvimento hepático pela doença oncológica. Já no que diz respeito à fase de tratamento, destaca os casos graves em que deve ser ponderada a suspensão permanente dos ICI, tendo em conta o impacto que esta interrupção pode ter no prognóstico da doença oncológica.
Aproveitou, ainda, para destacar a sua perspetiva sobre o que julga que deve ser feito relativamente ao estado da doença hepática em Portugal, que refere ser uma causa importante de morbilidade e mortalidade. “A importância do fígado na saúde é ainda subvalorizada, pelo que considero importante a implementação de estratégias de prevenção para o publico em geral, incluindo nas escolas. Existem muitas áreas sob investigação. Na minha opinião, o fígado gordo é uma das áreas de maior destaque e para o qual espero que surjam novidades em breve”.
Para finalizar, Carolina Simões mostrou a sua satisfação com esta iniciativa da APEF. “O Congresso Português de Hepatologia reúne médicos de diferentes especialidades e zonas do país com o objetivo de discutir vários temas desde a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença hepática. O evento é importante, pois permite a partilha e atualização de conhecimento e de experiências”.