“A ferramenta mais importante para minimizar os efeitos da hipertensão portal na gravidez é o seu manejo profilático”

A “Saúde reprodutiva na doença hepática crónica” integra o conjunto de sessões em destaque no Congresso Português de Hepatologia da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF). Daniela Reis foi a convidada responsável por partilhar a sua perspetiva na temática da “Hipertensão portal e gravidez”, aproveitando o momento para atualizar o público sobre potenciais complicações e abordagens terapêuticas associadas ao quadro clínico em questão.

“A saúde reprodutiva nos doentes com doença hepática crónica é um tema que deve ser explorado junto dos mesmos e partilhado idealmente por uma equipa multidisciplinar, que inclua hepatologistas, obstetras e pediatras. Em ambos os sexos, existem alterações hormonais que vão ter impacto negativo na função sexual. Nas mulheres, existe maior risco de amenorreia, infertilidade e menopausa precoce e, nos homens, disfunção erétil, atrofia muscular e oligospermia”, avançou a gastroenterologista.

Daniela Reis recordou que, como consequência da melhoria dos outcomes materno-fetais nos últimos anos, a cirrose e hipertensão portal já não são consideradas contraindicações formais para gravidez. No entanto, não descartou a possibilidade do desenvolvimento de complicações graves, que é superior quanto maior for o risco de descompensações da doença de base, nomeadamente em mulheres com doença hepática crónica e um score de MELD superior a 10 pontos.

Nestes casos, a profissional de saúde referiu que a complicação mais crítica é a rotura de varizes esófago-gástricas, cuja taxa de mortalidade pode atingir os 20%. Outras implicações incluem maiores taxas de descolamento da placenta, hemorragia ginecológica, hipertensão gestacional e de parto por cesariana. No que diz respeito ao feto, a mortal fetal é a complicação mais temida, quando comparada com a população geral, destacando-se também a maior incidência de restrição de crescimento intra-uterino e de prematuridade.

No entanto, Daniela Reis afirmou que é possível monitorizar a situação do ponto de vista clínico. “A ferramenta mais importante para minimizar os efeitos da hipertensão portal na gravidez é o seu manejo profilático, nomeadamente em relação à rotura de varizes esófago-gástricas. Grávidas com um correto manejo neste sentido apresentam menor incidência de hemorragia varicosa e, consequentemente, menor taxa de mortalidade associada. A profilaxia de rotura de varizes inclui terapêutica com beta-bloqueante não seletivo ou laqueação elástica de varizes esofágicas”.

Ponderando sobre os moldes da iniciativa, a palestrante aproveitou ainda para evidenciar a sua satisfação, realçando a distinção do evento da APEF no panorama nacional. “O Congresso Português de Hepatologia é o evento mais importante para a Hepatologia em Portugal, reunindo experts nacionais e internacionais e dando enfoque a temas que têm tido recentemente mais destaque. Deste modo, estou confiante que foi uma reunião muito interessante e produtiva”.

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